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Gerenciamento de riscos: como aplicar, ferramentas e exemplos

O gerenciamento de riscos é uma metodologia aplicada nas empresas para evitar ameaças imprevisíveis. Neste artigo eu te mostro alguns exemplos, benefícios da sua implementação e te explico como colocá-lo em prática através de ferramentas importantes! 

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O que é gerenciamento de riscos? 

Gerenciamento de riscos são planejamentos e metodologias para organizar e controlar ações e evitar potenciais ameaças imprevisíveis, com efeitos geralmente não conhecidos, que podem vir a causar lesões ou mortes, ou a depender do segmento, consequências até mesmo irreversíveis.

Exemplos de riscos 

A seguir citaremos alguns exemplos de riscos em alguns segmentos: 

  • Vazamento de óleo e gás em plataformas de exploração;
  • Vazamento de óleo cru e produtos químicos em navios;
  • Falta de matéria-prima que interrompe a produção, mesmo que temporariamente  e prejudica as operações;
  • Corrupção na corporação que compromete o ESG e relacionamento com stakeholders.

Veja também: Auditoria ambiental: o que é, principais tipos e como fazer

Qual o objetivo do programa de gerenciamento de riscos? 

O Programa de Gestão de Riscos tem por objetivo mapear os potenciais riscos e identificar os principais fatores influenciadores, estabelecer metodologias e procedimentos para impedir que ocorram, e se vierem a ocorrer, mitigar seus impactos.

Veja também: Conservação do meio ambiente: qual o papel das empresas nessa jornada?

Benefícios do programa de gerenciamento de riscos

A gestão de riscos é muito importante para as operações da empresa, seja no setor ambiental, de produção ou financeiro. Com a demanda crescente do ESG, a gestão de riscos é além de importante, primordial para:

  • Melhorar o compliance (conformidades) de acordo com a legislação, normas, stakeholders,  agenda ESG/ASG;
  • Melhorar a destinação de recursos como insumos, ambientais e humanos; 
  • Melhorar a gestão e controle de acidentes ambientais e de segurança no trabalho;
  • Melhorar a gestão da carteira de fornecedores e clientes;
  • Obter seguros e créditos junto às instituições financeiras;
  • Dentre outros benefícios.

Onde o programa de gerenciamento de riscos pode ser aplicado? 

O Programa de Riscos pode ser usado em diversos tipos de setores, e de forma interdisciplinar para melhor gestão dos riscos das atividades que a empresa desempenha. Abaixo estão listados algumas situações em que o gerenciamento de riscos pode ser usado: 

Gerenciamento de riscos ocupacionais

É  utilizado para evitar lesões, acidentes ou até mesmo riscos de mortes, garantindo a segurança de todos, seja funcionários, clientes, fornecedores, inspetores, e outros envolvidos. 

Gerenciamento de riscos em projetos

É utilizado para gerir riscos em insumos, investimentos, recursos humanos e equipamentos, por exemplo.

Gerenciamento de risco em transporte 

Utilizado para evitar que mercadorias, cargas sofram danos ou extravios durante a logística, carregamentos e depósitos.

Gerenciamento de risco hospitalar 

Tem por objetivo evitar a falta de recursos, controle de doenças com potencial endêmico ou pandêmico e o bom atendimento dos pacientes.

Gerenciamento de risco químico

Objetiva evitar acidentes que possam ocasionar lesões e mortes às pessoas envolvidas, causar incêndios ou explosões e causar danos ambientais como contaminações de solo e águas superficiais e subterrâneas e a perda de biodiversidade como fauna e flora.

Gerenciamento de riscos ambientais 

Abrange, por exemplo, riscos químicos e ocupacionais abordados anteriormente. Também envolve questões de gestão de recursos naturais como água, energia e matéria-prima, emissão de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, que se mal geridos ocasionam grandes impactos socioambientais, seja para a empresa, quanto para comunidades do entorno, à biodiversidade, com abrangência local, regional, e a depender do tipo e gravidade da ameaça, ultrapassar fronteiras nacionais. 

Regulamentação da gestão de risco ISO 31000

A Norma ABNT NBR ISO 31001:2018 para Gestão de Riscos é a última versão revisada e atualizada da norma e possui diretrizes para orientar a criação e proteção do valor nas organizações e garantir desempenho nos Sistemas de Gestão (seja Ambiental, da Qualidade, Segurança e Saúde Ocupacional ou SGI por exemplo), alcançar os objetivos da organização e gerenciar os riscos de forma eficiente, eficaz e consistente.

Como fazer um plano de gerenciamento de riscos?

O Plano de Risco deve ser feito com base na Análise de Materialidade para elaboração da Matriz de Materialidade, matriz essa que envolve as principais ameaças em potencial das atividades da organização, que possam ocasionar riscos ambientais, sociais e de governança.

Veja também: Mapa de Risco: saiba o que é e como fazer

Planejamento 

O planejamento consiste em  analisar todos os setores, principalmente os que executam as atividades com potencial poluidor e de periculosidade, levando em conta todas as atividades que a empresa desempenha.

Nessa etapa é importante a interação entre alta gestão e funcionários para realizar essa análise, principalmente os que trabalham diretamente com atividades de alta periculosidade, por exemplo.

Identificação dos riscos 

Nessa etapa cabe fazer a Análise de Materialidade para identificação das potenciais ameaças. Elas podem se tornar riscos ou oportunidades? 

Análise, avaliação e priorização dos riscos 

A partir da Análise de Materialidade, realizar a elaboração da Matriz de Materialidade, quais ameaças são consideradas menos graves ou mais graves que demandam mais atenção e precaução? A utilização da Matriz GUT é um exemplo de ferramenta que auxilia a classificar por gravidade, urgência e tendência da ameaça.  

Tratamento, monitoramento e controle dos riscos

Aqui cabe a utilização da ferramenta Bow-tie para delimitar as ameaças, o que as influencia, como controlá-las para evitar que ocorram, como agir para mitigar seus impactos se vierem ocorrer e como agir em situações de emergência. 

Se uma ameaça veio a acontecer, o Diagrama de Ishikawa é uma ferramenta que pode ser utilizada para avaliar as causas e influências do ocorrido e revisar o Plano de Riscos. 

Veja também: Realidade Virtual e Treinamentos em Emergências

Ferramentas básicas para gerenciamento de riscos

Para melhor gestão de riscos, iremos explanar sobre algumas ferramentas que são úteis para auxiliar na identificação de riscos, classificação da importância dos riscos e para determinar fatores de influência das ameaças. As ferramentas são: 

Matriz GUT 

É uma ferramenta utilizada para classificar os riscos de acordo com sua gravidade, urgência e tendência de ocorrência, sendo usada nas etapas iniciais  da elaboração do Plano de Gestão de Riscos.

exemplo de aplicação da matriz gut

Exemplo de Matriz GUT para elaboração de tabela de classificação dos riscos.

Diagrama de Ishikawa

Também conhecido como Diagrama Espinha de Peixe, é utilizado para identificar as causas dos riscos e fatores influenciadores que ocasionaram o problema.

exemplo de aplicação do diagrama de ishikawa

Bow-Tie

Conhecida também como gravata-borboleta, é uma ferramenta utilizada para identificar causas, os riscos, as consequências, como controlá-los, e mitigá-los, sendo visual e de fácil compreensão, principalmente para agir em situações de emergência. 

exemplo de aplicação do bow-tie

Gerenciamento de riscos exemplo

Aqui traremos um exemplo hipotético de uma empresa que atua com produção e envase de produtos químicos. Como será gerenciado os riscos? Com a elaboração da Matriz de Materialidade percebeu-se que o vazamento de produto químico é uma ameaça potencial, então deve-se tomar medidas como:

  • Estabelecimento de responsáveis (técnicos, gestores, subcontratados) para cada etapa do Plano de Riscos, assim como quem deverá ser comunicado em cada situação (brigada de incêndio, gestores e alta direção, Corpo de Bombeiros e outras autoridades, comunidade, stakeholders);
  • Inspeção rigorosa de tubulações e todos os equipamentos envolvidos na produção e envase para evitar vazamentos e infiltrações, atendimento rigoroso de normas para manuseio, transporte e armazenamento de produtos químicos para evitar incêndios, explosões, acidentes e contaminação do solo e águas superficiais e subterrâneas;
  • Se o vazamento ou infiltração infelizmente acontecer, deve-se recorrer ao mapa Bow-Tie para saber como contê-los;
  • Mesmo todas as medidas sendo tomadas para combatê-los, ainda há riscos de incêndio;
  • Acionamento do setor responsável e do Corpo de Bombeiros, e medidas para controle de incêndio.

Repare que nesse exemplo abordamos somente um risco em potencial, e claro, pela complexidade há outras ações e riscos envolvidos também, mas não é uma tarefa fácil e simples, exige responsabilidade de todos os envolvidos, com engajamento e treinamento para acionamento do Plano de Emergência, e demanda interdisciplinaridade de todos os setores possíveis, visto que envolve recursos humanos, equipamentos, materiais, subcontratados para controle e mitigação do risco.

Outro fator que cabe ressaltar que para a elaboração do Plano de Riscos, atuação da equipe no dia-a-dia nas atividades para o monitoramento e inspeção, controle e mitigação, é fundamental a interação e comunicação entre gestores e técnicos, visto que operadores por exemplo, são geralmente os que mais estão em contato com o risco e qualquer suspeita de incidente deve ser comunicado imediatamente para os responsáveis envolvidos para prosseguimento nas medidas.

Leia também: FDSR: qual sua importância e como fazer?

Esperamos que esse artigo possa  ter ampliado sua visão sobre gerenciamento de riscos, que é complexo, porém fundamental para qualquer empresa gerir suas atividades e serviços. 

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Sobre o autor

Débora Bueno

Bióloga e Especialista em Direito Ambiental, com formação de Auditor Interno ISO 14001:2015 para Sistemas de Gestão Ambiental.

Tem vivência como estagiária em Saúde Ambiental na qual atuou auxiliando no controle e monitoramento de endemias e epizootias, e experiência com projetos de Educação Ambiental.

Possui conhecimentos voltados ao Licenciamento Ambiental, Sustentabilidade/ESG, Sistema de Gestão Ambiental (SGA), Auditoria Interna, Recursos Hídricos, Gerenciamento de Riscos, normas e legislação ambiental.

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